O Atlético entrou da pior maneira em jogo, permitindo que o Lagoa se adiantasse no marcador logo aos 3 minutos, mercê do aproveitamento de uma grande penalidade a castigar falta de Rolão
Este golo madrugador perturbou claramente o Atlético, que durante largos minutos se mostrou incapaz de ultrapassar os 10.000 defesas contrários... Bem, talvez não fossem tantos. O facto é que aos olhos dos nossos atletas, o número não deveria andar longe! Por outras palavras, e na melhor das hipóteses, a bola acabava sempre por morrer nas mãos do guarda-redes Botelho, na ressaca de ataques sem profundidade. Nesta fase da partida o Lagoa até era a equipa mais perigosa no terreno, não tanto pela qualidade das suas jogadas ofensivas mas sim pela força da sua vontade, conquistando vários livres e cantos através dos quais ia mantendo o nosso Atlético em respeito.
O jogo não nos estava a correr nada bem... Mas a partir dos 20 minutos, paulatinamente, o Atlético começou a surgir cada vez com mais persistência junto da baliza adversária. Começou-se finalmente a rematar, embora com má direcção... Até que aos 38 minutos David Nunez, que pouco antes tinha forçado Botelho a actuar como líbero, marcou golo! O árbitro anulou o lance, considerando talvez que o nosso atacante teria ganho posição sobre um defesa contrário através de falta, que não descortinámos.
Na primeira jogada do 2º tempo Gonçalves flanqueou a defesa e cruzou para a área, visando Capuco, só que... Surgiu de permeio Botelho, e o lance gorou-se! Estava dado o mote para os segundos 45 minutos de jogo: o Atlético pretendia empurrar o Lagoa para o seu meio-campo, marcar cedo e operar o volte-face. Neste plano repartido por 3 partes, cumpriu-se a primeira... Durante largos minutos o Lagoa parecia completamente manietado, acumulando o Atlético lances de perigo sem proveito, tanto pela boa qualidade da defesa algarvia como por demérito próprio. Na primeira vertente, tivemos um lance registado aos 54 minutos, em que o entendimento entre Capuco e Gonçalves não deu frutos por causa da inoportuna interferência de Divaldo. Da segunda, temos o exemplo do livre apontado aos 58 minutos por Pedro Simões, em zona frontal, sensivelmente a meio do meio campo. Pelo virtuosismo reconhecido de Pedro Simões na execução destes lances, esperaríamos algo mais do que uma bola bombeada para a área, que a defesa algarvia tratou de anular sem problemas. Também houve a variante de se combinar as duas vertentes... Como sucedeu no lance em que Simões assistiu para Pedro Simões, que tentou alvejar a baliza, só que aí... A defesa tinha entretanto subido, e o lance foi anulado por fora-de-jogo!
A partir dos 65 minutos o Atlético começou a perder gás, e pior ainda... Começou também a cometer erros no capítulo defensivo, que poderiam revelar-se caros. Assim, houve o aproveitamento de Sadjó de um mau atraso, que não causou maiores embaraços porque o avançado algarvio foi neutralizado atempadamente... Pior ainda, o Lagoa apercebeu-se que o corredor direito alcantarense estava algo desguarnecido, porque demasiado balanceado no ataque, e por duas vezes gizou lances de perigo por esse canal, primeiro por Nilson e depois por Bráulio. Em ambos os casos a nossa defesa resolveu sempre eficazmente, sem ser necessário pedir a colaboração de Leão.
A seu modo, o treinador Carlos Manuel nesta altura já tinha "lido" o parágrafo anterior. As substituições entretanto operadas não tinham surtido efeito, mas ainda havia uma última jogada em carteira... No "tudo ou nada", Carlos Manuel fez então sair um defesa central (Ricardo Aires) e mandou entrar Sandro, passando a jogar com uma linha avançada composta por três atacantes de raiz. Aos 74 minutos surgiu aquela que seria a melhor oportunidade no desafio, com Tiago Mota a assistir Capuco, que rematou ao lado do poste.
O cronómetro começava a aproximar-se do minuto 90 e o empate não surgia... Até que surgiu o golpe de misericórdia! Tudo começou nos pés de Bruno Santos, que no ataque foi desarmado de forma suspeita. O lance ocorreu mesmo em frente ao banco alcantarense, que impulsionado por uma mola se ergueu em protestos contra a decisão do árbitro, que optou por nada assinalar. Perante um Atlético atordoado, o Lagoa gizou então o lance que terminou no golo de Márcio, a passe de Roberto... Curiosamente, dois algarvios bem fresquinhos, no sentido em que tinham entrado como suplentes havia pouco.
E acabou... Por momentos ainda pairou o espectro do terceiro, mas aí surgiu Carlos Alves a ganhar por antecipação a Julio. O Atlético recuperou a compustura e a dignidade, que não talvez a esperança, e a última imagem que deixou na Lagoa foi a de uma Equipa ao ataque, sempre ao ataque, para além dos 90 minutos e pelo tempo complementar adentro, até ao fim. David Nunez, Gonçalves, Sandro, Simões... Eles não desarmavam, só tinham olhos para a baliza de Botelho, mas não deu para mais.
No Estádio Capitão Josino Costa, em Lagoa jogaram:LAGOA: Botelho; Janita, Bráulio (Márcio, 75'), Tero e Nélson; Gualter Bilro, Divaldo e Nilson; Julio Pinto, João Boiças (Daniel, 63') e Sadjó (Roberto, 77')
TREINADOR: Joaquim Mendes
ATLÉTICO: Leão; Torres, Ricardo Aires (Sandro, 72'), Rolão e Carlos Alves;
Simões, Pedro Simões (Bruno Santos, 65'), Lapinha (Tiago Mota, 55') e Hugo Gonçalves; David Nunez e Capuco
TREINADOR: Carlos Manuel
Marcadores: 1-0, Tero (3'); 2-0, Márcio (84').
Disciplina: amarelos para Divaldo, Bilro e Márcio; Rolão, Ricardo Aires e David Nunez.
Melhor do Lagoa: Guálter Bilro, trinco que muito lutou pelo jogo. Tanto ajudava, e muito, o sector defensivo do Lagoa como lançava os contra-ataques da equipa pelo centro do terreno.
Melhor do Atlético: Carlos Alves, conseguiu dominar o lado esquerdo do terreno e quando era necessário intervia no sector mais defensivo.