O primeiro lance de verdadeiro perigo surgiu aos 19 minutos. Uma bonita combinação do ataque alcantarense envolvendo Capuco, Pedro Simões, Celson e Carlos Alves, terminou em falta, cometida sobre este último. O lance ocorreu descaído na esquerda, a cerca de 3 metros da linha limite da grande área... Chamado a converter, Pedro Simões rematou directo, respondendo Botelho com uma defesa de recurso, sobre a barra!
Três minutos volvidos Carlos Alves centra largo para a grande área, onde está Simões, bem posicionado, que remata... No vazio! Mas espera lá! Se até um jogador tão pendular como o Simões não parecia muito inspirado, então... Como estariam os outros? Na verdade, também estavam longe daquele que sabemos ser o seu melhor nível. Rolão, por exemplo, poderia ter evitado certos lances em que deixou a bola à mercê de aversários como André ou Roberto, sendo particularmente feliz no lance deste último, em que o ressalto nos correu bem. O mesmo se aplica ao Gonçalves, embora aí num contexto ofensivo, nomeadamente nos seus centros no término da primeira parte. O mesmo se aplica...
Bem, será mais prático dizer que a Equipa no seu conjunto actuou longe do que pode e sabe. Claro está, há que dar mérito à manobra defensiva do adversário, que jogando com três centrais e um meio-campo reforçado de 5 elementos, causava sempre grandes dificuldades quando o Atlético tinha a posse de bola e partia para o ataque. Não que o fizesse com particular entusiasmo ou velocidade, e aí residiu o pior de tudo: pairava no ar o perfil surrealista de um jogo-treino, puxado é certo, mas... Não mais do que isso.
Regressemos então ao jogo. David Nunez teve nos pés o golo, aos 40 minutos, mas permitiu a Botelho a defesa da tarde. Poucos minutos depois, mas já no início da segunda parte, o nosso avançado esteve de novo em evidência, através de um centro-remate que levou a bola à barra.
Melhor ou pior, o facto é que o Atlético neste momento já merecia estar em vantagem. Costuma-se dizer que quem não marca, arrisca-se a sofrer... Embora o Lagoa estivesse longe de constituir um portento ofensivo, teve remates mal direccionados, é certo, mas também mal intencionados, através de Júlio (52 minutos) e Boiças (56 minutos). Até que... Surgiu o golo da nossa Equipa! Tudo começou em Simões (mesmo desinspirado, ele não sabe jogar mal!), que abriu maravilhosamente para Torres; este cruzou para Celson, que ao segundo poste empurrou para o fundo das malhas. Estavam decorridos 59 minutos de jogo.
Dentro da reacção dos algarvios, o que de mais perturbador foi criado resume-se a um lance em que Ricardo Janota teve de sair da sua pequena área para vir recolher mais à frente, ante a proximidade de Júlio, isto aos 70 minutos. Três minutos volvidos houve um remate à baliza, fraco e denunciado, que Ricardo Janota defendeu com tranquilidade. Do lado contrário, a conversa era outra. O treinador Carlos Manuel tinha entretanto mandado entrar Bruno Santos, que estava com fome de bola... Driblou adversários na esquerda do ataque e tentou o remate, mas saiu-lhe por cima da barra. Pouco depois, Bruno Santos teve novamente nos pés a possibilidade de aumentar a contagem, num lance traumatizante para os adeptos alcantarenses. Como foi possível?
Vamos contar como foi: tudo começou num mau atraso do algarvio Tero, que deixou a bola em Bruno Santos. Isolando-se este frente a Botelho, ao invés de tentar o golo achou melhor passar a Torres, que o acompanhava na jogada. Tudo bem pensado, o problema é que o passe final (e que se pretendia fatal) foi demasiado atrasado, e o lance perdeu-se. Estavam decorridos 83 minutos de jogo.
Mais cinco minutos, e dentro de um certo tipo de lance que esteve muito em voga no jogo (bola cruzada para a área e Botelho a defender, com o atacante - normalmente Capuco - a esperar debalde uma falha, ao segundo poste) houve uma nuance: Botelho voou para a bola, em pose a merecer fotografia. Este foi o último lance do ataque alcantarense. Pouco depois, foi mostrada a placa com o tempo de compensação: 5 minutos. E nos últimos segundos da partida, surgiu o golo do empate, um lance inenarrável envolvendo Ricardo Janota. Os adeptos resmugaram principalmente contra a equipa de arbitragem, por acharem excessivo o tempo de compensação! Não julgamos que tenha sido por aí... Muito simplesmente: poderíamos ter feito mais e melhor, mas na ausência de um Desígnio digno desse nome, há que convir que não será tarefa nada fácil motivar-se um grupo de jogadores.
No Estádio da Tapadinha, jogaram:
Arbitragem de André Gralha (AF Santarém)
ATLÉTICO: Ricardo Janota; Torres, Ricardo Ares, Rolão e Carlos Alves; Pedro Simões (Tiago Mota, 54'), Simões, Celson (Tiago Rosa, 85') e Hugo Gonçalves; David Nunez (Bruno Santos, 79') e Capuco.
TREINADOR: Carlos Manuel
LAGOA: Botelho; Divaldo, Tero e Nilson; Gualter Bilro, André (Micha, 85'), Daniel (Mauro, 63'), Roberto e Bráulio; Júlio Pinto e João Boiças (Bruno, 79')
TREINADOR: Joaquim Mendes
Marcadores: 1-0, Celson (59'); 1-1, Mauro (90+5').
Discilplina: cartão amarelo para Pedro Simões, Simões e Bruno Santos.